30 de jul. de 2022

Ansiedade e Tecnologia - como se desconectar dessa fria

É uma fria. Quem já passou ou passa ainda por isso sabe muito bem. Chega a ser desesperador às vezes.

E você sem dúvida não gasta uma boa grana em tecnologia para agravar esse "mal do século", não é verdade?

Como se "desconectar" dessa fria chamada ansiedade?


Ansiedade e tecnologia

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Excesso de informação


A crise apareceu várias vezes no meio da noite. Eu acordava sufocando, com o coração batendo acelerado, com tonturas e formigamentos. Estes sintomas apareciam vez ou outra durante o dia e já assustava, mas à noite vinha concentrado e custava a passar. 

Antes de falar em como se "desconectar", você começa a se acalmar enquanto procura entender melhor os sintomas, e posso testemunhar que várias vezes sofri na pele momentos críticos.

Na primeira fui parar no hospital. Sem conhecer bem de que se trata você pensa que chegou sua hora mesmo! Mas já adianto aqui para quem se identificou com os sintomas e está pensando um monte de coisas: estes sintomas são como "cortina de fumaça". É a cabeça imaginando e produzindo diversas sensações ruins. Um bom médico que consultei assegurou isso.

A ansiedade já estava lá. O mal apareceu na infância. E nem se ouvia falar de computador na época. A ansiedade aparecia quando eu queria que chegasse algum dia especial, começar ou terminar alguma coisa e tantas outras situações.

Mas a coisa apertou quando eu tinha acesso ao excesso de informação da grande rede de computadores. Você sabe: um computador ou celular conectado na rede é um mundo na sua frente.

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FoMO - o "medo de ficar de fora"


O medo é uma coisa que podemos experimentar, ou melhor, experimentamos toda vez que rolamos a timeline ou linha do tempo das redes sociais. O medo de ficar de fora, que já tem até sigla: FoMOFear of Missing Out.

Rossandro Klingey chama a atenção para a tentação para o status nas redes sociais. Aquela vaidade de aparecer bem na foto, em viagens, acompanhado de gente importante, ostentando sonhos de consumo ou qualquer outra coisa. O psicólogo deu várias entrevistas mostrando o quanto muitos se deprimem só por deslizar a timeline e ficar se comparando com os outros.

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Então, você vê que coisa: por um lado o medo de ficar de fora - FoMO; por outro, quando você fica "dentro", se estiver nessa onda do status, pode acabar se aborrecendo, além de ficar ansioso é claro. E cá entre nós, não gostamos de admitir, mas todos nós temos essa coisa, na menor medida que seja.


Amigos demais?


E o número de amigos nas redes sociais? Talvez amigos dentro de muitas aspas. Segundo o antropólogo Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, você consegue no máximo ter 150 amigos. Além disso o cérebro não consegue administrar direito (como está na edição 399 da Superinteressante).

Neste caso, ter um perfil com milhares de amigos não significa grande coisa, certo? Se falamos de seguidores, menos ainda. 1K, 2K, 3mi, o grosso de tudo isso são "ilustres desconhecidos" para você, certo?

Novamente, basta comparar e comprovar por si mesmo, a diferença entre o contato com um amigo ou vários através da tela fria do PC ou celular, e ao vivo. Lembra a expressão "quem sabe faz ao vivo?"


Excesso de escolhas


É isso que ajuda a entender porque o mal aparece. Junto com o excesso de informação e medo de ficar de fora vem o excesso de escolhas. Isso você pode ver agora mesmo, enquanto lê este texto e deve ter várias outras abas do seu navegador abertas, ou vários apps em segundo plano no seu celular, com 10 notificações de mensagens.

Lembre-se que sempre que você foi assistir à uma aula e não se desligou do celular, a aula rendeu pouco, a impaciência apareceu, mil preocupações, e isso tanto aula presencial quanto on-line. Quando estamos acostumados a estar conectados quase o tempo todo, rola uma "síndrome de abstinência" quando estamos fora da rede.


Neste caso, mesmo que vá doer como se estivesse arrancando a própria pele, só quando eu e você tomamos a decisão de desconectar o máximo possível, conseguimos afastar esse tique nervoso. 

Excesso de escolhas não é bem o problema. É a dificuldade de tomar uma decisão diante delas. Nós brasileiros gastamos em média 3 horas e 32 minutos navegando nas redes sociais. Celular na mão, fone no ouvido e o polegar que não pára de mexer. 

Parece que estamos com o controle na mão. Só que, quem dentre nós pode dizer que usa quando quer? Quantos resistem de fato a ver o que está acontecendo na rede várias vezes por dia?

Menos tela fria, menos ansiedade


Para se desconectar desta fria, não tem segredo: é desconectar mesmo da tela fria do PC, notebook ou celular, o máximo que der. E é claro que não é fácil. É exercício, é treino. E é normal ter recaídas várias vezes. Você não muda da água para o vinho do dia para a noite. 

Convido como exercício você experimentar diminuir o tempo de "tela fria" e aumentar o tempo de leitura. Leitura no papel, ou pelo menos no Kindle.

Depois de muito tempo acostumado com os cliques, vai ser um parto encarar umas folhas de papel com muitas letras e poucas imagens, sem vídeos cheios de efeitos especiais ou efeitos sonoros "sinistros".

Aqui o grande efeito especial é sua imaginação. Na tela não precisa imaginar. Tá tudo pronto. Outro imaginou e teve um baita trabalho para produzir o show pirotécnico.

Agora, experimente exercitar um pouco a sua imaginação todos os dias, mesmo que por 5 minutos. E a grande sacada para combater a ansiedade é "pegar leve".

Você decide ler 5 minutos por dia uma revista, jornal ou livro de assunto que você se interessa. À noite você fica tranquilo, você dá conta.


Começar devagar. É só isso. E os livros abaixo são muito bons para ajudar a desconectar desta fria que é ansiedade, principalmente se quando você estiver lendo, o celular estiver no modo avião!
  • Um bem prático é Controle Cerebral e emocional, de Narciso Irala. Você lê e aplica exercícios simples; 
  • Outro é Cura dos traumas emocionais, de David Seamands (une ensinamentos bíblicos com psicologia cristã), com um capítulo sobre o problema do perfeccionismo que muitos ansiosos devem se identificar;
  • Educação da Vontade, de Jules Payot, onde você aprende que não existe só o preguiçoso de "sombra e água fresca", mas também o disperso e ansioso, que quer abraçar o mundo e não segura nada.

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